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Novidades em guache + Bate-papo com Lilia Malheiros


Em 2019 a artista Lilia Malheiros produziu uma série de trabalhos em guache, que estão agora disponíveis na Trapézio.

Fizemos algumas perguntas à artista, para mergulhar um pouco mais nessa produção.

Você já havia trabalhado com guache antes? Como surgiu essa vontade? O que o guache permite ou não permite, diferente da acrílica, do óleo e do pastel?
Nunca tinha trabalhado com guache, mas sempre tive vontade: por uma memória das pinturas que a gente faz na infância - que me davam grande prazer - e pela intensidade da cor que, aliada a uma superfície opaca e aveludada, sempre me fascinou. Fiz algumas tentativas que não me agradaram. Quando se faz uma sobreposição de camada de tinta com o guache, ele "reabre" a camada de baixo. A tinta molhada umedece a que já está seca e as cores das duas camadas se misturam. Não funcionava na pintura que estava tentando fazer, e deixei a ideia de lado. Mas uma sincronicidade me levou a uma nova experiência: num momento em que tive a necessidade de fazer trabalhos pequenos de secagem rápida por um problema de falta de espaço no meu antigo ateliê, ganhei de uma amiga artista alguns tubinhos de guache acrílico que ela trouxe de viagem. É uma tinta que reúne as qualidades da acrílica com as do guache, pois seca rápido e permite sobreposições, como a acrílica (pois cada camada seca completamente), e tem cores intensas e totalmente opacas, como o guache. Esse acaso vindo de fora abriu um caminho para o trabalho, que deu origem a uma numerosa série de pinturas.
O guache, que seca rápido, é bem diferente da pintura à óleo, que demora muito para secar e, por isso, é sempre mais lenta. E é diferente do pastel seco, que por ser parecido com um giz, leva a outra forma de trabalhar.
Esses trabalhos em guache possuem diversas camadas de cores, algumas delas com transparência. Especialmente naqueles trabalhos em há bastante tinta branca. Como surgiu esse recurso? É o guache que permite esse jogo?
Acho que sempre houve, em maior ou menor grau, a transparência nos trabalhos à óleo. Mas é verdade que isso se acentuou nesses trabalhos, e que passei a usar mais o branco, que antes quase não aparecia. Evitava usar o branco porque acreditava que seria uma solução fácil demais para harmonizar e fazer a ligação entre as cores. Mas mais uma vez essa amiga me estimulou, me desafiando numa conversa a fazer “o que jamais faria” numa pintura: pensei imediatamente no branco, que passou a fazer parte da paleta, assim como o preto.  Acho que o branco usado mais aguado me levou a explorar mais o seu uso como construtor de espaços e "revelador" da sobreposição de camadas, que ele sempre deixa entrever. Também passei a fazer, em alguns trabalhos, o uso do branco do papel.
O uso das cores foi diferente nesses trabalhos? Como surgiu esse grupo de trabalhos em tons 'neon'?
Acho que o guache levou a essa vontade de cores mais vibrantes e luminosas (que ele permite), daí também a vontade das cores "neon".
No caso das mais "elétricas", elas apareceram junto com a vontade de uma simplificação das formas na pintura e de uma abordagem mais direta e afirmativa.

E as formas? Elas parecem ter ficado mais 'definidas'... Como foi esse processo?
Tenho buscado nesses trabalhos uma simplicidade - tentar fazer mais com menos. Talvez por serem de pequenas dimensões, que secam mais rápido, eles também permitem uma atitude mais direta, mais afirmativa. De resto, o processo segue a mesma forma de outros trabalhos, sempre feitos sem projeto e sem esboço.

 

Veja AQUI os trabalhos da artista


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