Gerty Saruê


'Gerti Schmetterling (Viena, Áustria, 1930). Gravadora, desenhista, artista multimídia. Deixa o país de origem em 1939 e muda-se com sua família para Bolívia. Casa-se em 1950 e passa a assinar Gerty Saruê. Em 1953, fixa residência em São Paulo. Estuda história da arte e estética com o crítico de arte Anatol Rosenfeld (1912-1973) e pintura com a artista Yolanda Mohaly (1909-1978) e com o artista Henrique Boese (1897-1982).

Em 1964, realiza sua primeira exposição individual na Galeria Convívio, em São Paulo. No ano seguinte, participa com desenhos do 1º Salão Paulista de Arte Moderna de São Paulo e do 14º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia. Na década de 1970, além de serigrafias, monotipias e obras xerográficas, realiza obras coletivas de caráter ambiental em parceria com o artista Antonio Lizarraga (1924-2009), como os trabalhos Alternativa Urbana, para a Pré-Bienal Nacional Plástica de 1972, e Metrópole, para a 12ª Bienal de São Paulo, de 1973.

A artista participa de diversas mostras coletivas nacionais, como a 8ª (1965), 9ª (1967) e 10ª (1969) edições da Bienal Internacional de São Paulo e os Panoramas de Arte Atual Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) de 1975, 1977 e 1980. Em 2010, é publicado o livro Gerty Saruê, pela Editora da Universidade de São Paulo (Edusp). 

Gerty Saruê não se prende a suportes ou a técnicas, mas é possível reconhecer a colagem como ponto central de seu pensamento, e o desenho como um modo particular de raciocínio gráfico. A coerência de sua obra, no entanto, se encontra na escolha dos signos que a artista manipula, mescla e ressignifica. A experiência da cidade moderna é o que a define como artista e a motiva a selecionar para os seus trabalhos símbolos tecnológicos, como plantas arquitetônicas, projetos de engenharia, planilhas de sistemas científicos etc, subvertendo sua lógica de comunicação convencional e transformando-os em estética.

Em todos os seus trabalhos, foge da simetria e busca o equilíbrio de texturas, a delicadeza da linha e a modulação das superfícies. Entre 1969 e 1970, desenvolve monotipias utilizando letras, que, segundo o crítico de arte Rodrigo Naves, se tornam os elementos por excelência da sua busca por novos sentidos, já que esses signos só obtém significado quando postos em contexto. Essa descoberta seria levada às últimas consequências nas cópias eletrostáticas e impressões off-set que a artista realiza em 1984.

Gerty Saruê, diferentemente do artista alemão Kurt Schwitters (1887-1948) - importante influência para ela -, acredita que não cabe à arte reconstruir uma nova ordem baseada em detritos, e sim desconstruir a aparência de normalidade daquilo que nos cerca.'**

Em sua produção mais recente, da década de 2000 e 2010, utiliza-se dessa mesma linguagem e signos, dessa vez as reinventando por meio do universo digital.

 

** texto retirado da Enciclopédia Itaú Cultural

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