Alfredo Volpi
Alfredo Volpi (Lucca, Itália, 1896 – São Paulo, SP, 1988) foi pintor, reconhecido por sua trajetória singular que transitou por distintas vertentes da pintura, destacando-se por paisagens, temas populares e religiosos, e pela célebre série das bandeirinhas de festa junina.
Chegou ao Brasil em 1897, ainda bebê, e a família se estabeleceu no bairro do Cambuci, em São Paulo. Na juventude, trabalhou como marceneiro, entalhador e encadernador, ao mesmo tempo em que estudava na Escola Profissional Masculina do Brás. Em 1911, iniciou a carreira como aprendiz de decorador de paredes, pintando frisos, florões e painéis, e paralelamente começou a pintar sobre madeira e tela.
Em 1925, participa de sua primeira exposição coletiva no Palácio das Indústrias de São Paulo, apresentando retratos e paisagens que revelam sensibilidade à luz e sutileza no uso das cores, lembrando os impressionistas, embora algumas obras da época apresentem traços românticos. Na década de 1930, aproxima-se do Grupo Santa Helena, formado por artistas como Mário Zanini, Francisco Rebolo, Fulvio Pennacchi e Bonadei, participando de excursões e sessões de desenho com modelo vivo, além da formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo (1936).
Em 1937, conhece o pintor italiano Ernesto de Fiori, que influencia decisivamente seu desenvolvimento artístico, sobretudo no tratamento formal e cromático, estimulando o uso de cores vivas e foscas e a valorização da matéria pictórica. Entre 1937 e o início da década de 1940, participa dos Salões da Família Artística Paulista (FAP) e realiza trabalhos de decoração e azulejaria, incluindo colaboração com a empresa Osirarte.
Volpi realiza sua primeira exposição individual em 1944, na Galeria Itá, e participa de coletivas organizadas por Guignard, em Belo Horizonte. No final da década de 1940, inicia a aplicação da técnica da têmpera, conferindo às obras textura rala e características construtivas que definiriam seu estilo, com planos de fachadas, telhados e paisagens caminhando gradativamente para a abstração.
Nos anos 1950, viaja à Europa com Zanini e Osir, interessando-se por pintores pré-renascentistas, especialmente Paolo Uccello, incorporando jogos de espaço, projeção e superfície que reforçam a ordenação e a fluidez de suas composições. Participa das três primeiras Bienais de São Paulo, dividindo em 1953 com Di Cavalcanti o prêmio de melhor pintor nacional. Em 1958, recebe o Prêmio Guggenheim e realiza uma exposição retrospectiva, sendo aclamado por Mário Pedrosa como “o mestre brasileiro de sua época”.
Ainda na década de 1950, pinta afrescos para a Capela Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, e inicia a série das bandeirinhas de festa junina, que se tornam elementos compositivos autônomos, como em Fachada com Bandeiras (1959). Recebe prêmios de melhor pintor brasileiro pela crítica do Rio de Janeiro em 1962 e 1966. Nas décadas seguintes, suas bandeirinhas se intercalam com mastros e composições coloridas, e a técnica artesanal da têmpera reforça seu lirismo e oposição ao automatismo da pintura concretista.
A obra de Alfredo Volpi é marcada por transformações graduais, resultado de seu amadurecimento e diálogo com a história da arte. Ao unir conhecimento histórico e execução artesanal, construiu um repertório único, caracterizado por equilíbrio formal, cor vibrante e sensibilidade poética, consolidando-se como um dos maiores pintores brasileiros do século XX.

