Ao longo da Sp-Arte Rotas 2025, aproximadamente 500 visitantes tiveram a oportunidade de se conectar com obras de grande relevância no cenário da arte brasileira. O rigor geométrico de Antonio Maluf, construído com precisão de engenheiro e capaz de sugerir profundidade ótica, dialogou de forma singular com a tridimensionalidade pontilhada de Claudio Tozzi, cuja tela da década de 1980 homenageia Nova Iorque em tons vibrantes. As obras de Antonio Peticov revelaram facetas contrastantes de sua produção, entre a composição geométrica dos anos 1960 e a pintura marcada pelo período de cárcere durante a ditadura, ambas carregadas de intensidade e memória. Leonilson, por sua vez, trouxe a dimensão íntima e poética de sua obra, convidando à contemplação silenciosa. E, entre tantas criações, destacou-se Jaime Prades, cuja força urbana e espiritual encontrou expressão máxima na tela Pacificadores, obra que se tornou ícone da exposição, atraindo o maior número de fotografias, olhares atentos e admiradores. O resultado foi uma experiência de imersão que reafirmou a vitalidade e diversidade da arte brasileira diante de um público atento e participativo.

Na estreia da Trapezio Galeria na SP-Arte, em abril de 2025, apresentamos um conjunto diverso e expressivo de obras que marcaram nossa participação no evento. Entre nomes consagrados como Sergio Bertoni, Dudu Santos, Sansom Flexor e Alfredo Volpi — cuja rara tela da década de 1960, assinada na frente, atraiu olhares atentos de colecionadores e estudiosos — a mostra revelou um diálogo rico entre tradição e contemporaneidade. O grande destaque, no entanto, foi Selos, de Patrícia Bigarelli, parte da série Não Preencha Meu Silêncio. A obra, composta por centenas de selos que evocam correspondências trocadas entre namorados do mesmo sexo durante a ditadura, provocou reflexões intensas sobre memória, afeto e diversidade. Admirada e disputada pelo público, tornou-se símbolo de uma estreia marcada tanto pela força estética quanto pelo compromisso em dar visibilidade à pluralidade das vozes que compõem a arte brasileira.

Na ArtRio 2024, a Trapezio Galeria, em parceria com o Projeto Antonio Maluf, apresentou um solo dedicado a um dos grandes pioneiros da arte concreta brasileira. A exposição reuniu diferentes momentos da produção de Antonio Maluf (1926–2005), permitindo ao público carioca um mergulho na precisão construtiva e na sofisticação estética de um artista cuja obra marcou de forma indelével a história das artes visuais no Brasil.

Foram exibidas composições geométricas e estudos ópticos que revelam o diálogo de Maluf com sua formação em engenharia civil, traduzido em obras de rigor técnico e, ao mesmo tempo, de grande sensibilidade poética. O conjunto destacou a capacidade do artista de expandir a bidimensionalidade, criando efeitos de profundidade e movimento que projetam suas telas para além do espaço expositivo.

Mais do que apresentar trabalhos raramente vistos fora de coleções institucionais e particulares, a mostra reafirmou a relevância e a atualidade de Maluf, um criador que soube aliar inovação formal e pensamento construtivo a uma linguagem atemporal, capaz de ressoar intensamente com o olhar contemporâneo.

Na sua estreia em feiras de arte, a Trapezio Galeria marcou presença na Parte, apresentando um conjunto de obras em papel de artistas representados pela galeria. Essa participação inaugural foi pensada como um gesto de aproximação e experimentação, oferecendo ao público uma amostra da diversidade poética e da força criativa que compõem o DNA da galeria.

A escolha de levar obras em papel destacou não apenas a delicadeza e a intimidade desse suporte, mas também sua potência como espaço de pesquisa, ensaio e liberdade criativa. Cada trabalho revelou aspectos distintos da produção de nossos artistas, permitindo que os visitantes experimentassem uma leitura mais próxima e sensível de seus processos.

Essa primeira participação em feiras consolidou a Trapezio como um espaço atento às singularidades da produção contemporânea, reforçando seu compromisso em valorizar linguagens diversas e criar pontes entre artistas, colecionadores e novos públicos.