Bajado
Euclides Francisco Amâncio (Bajado) (Maraial, Pernambuco, 1912 – Olinda, Pernambuco, 1996)
Pintor, desenhista e cartazista, Bajado é referência da arte popular brasileira, retratando especialmente a cultura pernambucana e o Carnaval de Olinda.
Aos 13 anos, mudou-se para Catende, onde trabalhou em um cinema e começou a criar histórias em quadrinhos inspiradas nos filmes do Velho Oeste. Em 1930, residiu por um ano em Recife, produzindo cartazes e fachadas para estabelecimentos comerciais, e em 1932 trabalhou como linotipista em uma gráfica.
Em 1933, estabeleceu-se em Olinda, atuando como cartazista no Cine Olinda até 1950, além de participar ativamente do Carnaval local, fundando blocos e criando bonecos e estandartes. Como pintor, retratou festas de rua e a população local, frequentemente sobre borrachas, paralamas de carros e pedaços de PVC. Seus personagens possuem traços fortes e reminiscências de histórias em quadrinhos, conferindo às cenas um tom irônico e crítico, tornando-o uma testemunha sensível da realidade social, como observa João Câmara.
A perspectiva de suas obras frequentemente coloca o observador na posição de quem assiste ao movimento da rua. As cores, vibrantes como os cartazes de cinema e propagandas políticas da época, junto à variedade de materiais e à movimentação urbana, fazem de sua produção uma síntese de linguagens artísticas do século XX. Para a socióloga Laura Buarque Gadelha, Bajado antecipou conceitos da pop art, embora sua classificação como “artista popular” seja questionada, especialmente quando associada à ingenuidade do olhar do povo.
Nos anos 1950, colaborou com os cartunistas Péricles e Félix de Albuquerque na criação da personagem Amigo da Onça, publicada na revista O Cruzeiro. Em 1964, foi cofundador do Movimento da Arte da Ribeira em Olinda. Com recursos escassos, passou a viver em uma casa oferecida pelo marchand italiano Giuseppe Baccaro a partir de 1972.
Sua trajetória recebeu reconhecimento em vida: em 1975, os diretores Fernando Spencer e Celso Marconi produziram o documentário Bajado: um artista de Olinda. Em 1980, realizou a exposição 50 anos de Bajado e inaugurou-se a Casa Bajado em Olinda. Em 1985, foi publicado o livro Bajado: artista de Olinda, e o Cine Bajado também foi inaugurado na cidade. Em 1994, recebeu homenagem da UNESCO na França e expôs suas obras em Portugal.
Bajado permanece como figura central para as gerações posteriores de artistas pernambucanos, sendo um dos principais pintores a registrar a vida e o Carnaval de Olinda, consolidando-se como ícone da cultura visual popular brasileira.

