Benedito Calixto

Benedito Calixto de Jesus (Conceição de Itanhaém, São Paulo, 1853 – São Paulo, São Paulo, 1927)

Pintor, professor, historiador e ensaísta, Benedito Calixto de Jesus é reconhecido principalmente por suas paisagens e quadros históricos que retratam o litoral e a cidade de São Paulo. Desde jovem, manifesta interesse pela pintura, auxiliando o tio na restauração de imagens sacras em Brotas, interior paulista. Em 1881, realiza sua primeira exposição individual em São Paulo e passa a residir em Santos, cidade que inspirará grande parte de sua produção artística. Trabalha na oficina de Tomás Antônio de Azevedo e participa da decoração do teto do Theatro Guarany, consolidando seu talento para a representação detalhada do espaço urbano e natural.

Em 1883, recebe uma bolsa da cidade de Santos e viaja a Paris, onde frequenta o ateliê de Jean-François Raffaëlli e a Académie Julian, convivendo com pintores como Gustave Boulanger, Tony Robert-Fleury e William-Adolphe Bouguereau. Retorna ao Brasil no ano seguinte trazendo equipamento fotográfico, que passa a utilizar na elaboração de suas composições, combinando observação direta com referências fotográficas para obter precisão e fidelidade histórica.

Ao longo de sua carreira, Calixto dedica-se principalmente às paisagens e marinhas do litoral paulista, buscando representar com exatidão a geografia e a arquitetura locais, mas imprimindo sempre um uso pessoal da cor e das veladuras. Obras como Inundação da Várzea do Carmo (1892) demonstram sua habilidade em captar a realidade urbana de São Paulo, incluindo detalhes do mercado, ruas centrais e casarios. Sua pintura alia rigor documental e sensibilidade artística, criando registros visuais da cidade e de sua história.

Além da pintura, Benedito Calixto atua como historiador, pesquisador e preservador do patrimônio paulista. Realiza estudos para o Museu Paulista sob encomenda de Afonso d’Escragnolle Taunay, produz painéis religiosos e históricos, e publica obras como A villa de Itanhaém (1895) e Capitanias paulistas (1924). Sua prática integra pintura, fotografia e pesquisa histórica, consolidando-o como um dos mais importantes artistas brasileiros na representação do litoral paulista, da cidade e da memória histórica do estado.