Cícero Dias
Cícero Dias (1907–2003) foi um dos principais representantes do modernismo brasileiro, conhecido por sua imaginação poética e por uma obra que transita entre o lirismo e a abstração. Nascido em Escada, Pernambuco, iniciou sua trajetória artística ainda jovem e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1925, onde se aproximou de intelectuais e artistas ligados ao movimento modernista, como Manuel Bandeira e Gilberto Freyre.
Em 1930, realizou no Rio de Janeiro a exposição “Eu vi o mundo... ele começava no Recife”, composta por painéis de grandes dimensões e cores intensas, que causaram polêmica pela ousadia e pela ruptura com os padrões acadêmicos da época. Essa mostra é considerada um dos marcos da arte moderna no Brasil, revelando a busca do artista por uma expressão livre, subjetiva e profundamente ligada à memória e à paisagem nordestina.
A partir de 1937, exilou-se em Paris, onde manteve contato com nomes como Pablo Picasso, Fernand Léger e Georges Braque, incorporando à sua obra influências do cubismo e do abstracionismo lírico, sem perder o caráter poético e emocional que sempre marcou sua produção.
Entre os temas recorrentes em sua obra estão as paisagens oníricas, as figuras femininas, o mundo rural nordestino e as formas orgânicas que evocam sonhos e lembranças. Sua paleta luminosa e fluida revela um artista que conciliou tradição e vanguarda, o regional e o universal.

