Cláudio Tozzi

Claudio José Tozzi (São Paulo, 1944) é pintor brasileiro reconhecido por sua versatilidade e constante experimentação artística, transitando da arte pop, com forte engajamento político e urbano, à pintura abstrata geométrica. Sua obra se caracteriza pelo diálogo com a contemporaneidade e pela investigação das possibilidades plásticas da pintura, consolidando-o como um expoente da arte moderna brasileira.

Inicia a carreira como artista gráfico na década de 1960, vencendo o concurso de cartazes do 11º Salão Paulista de Arte Moderna (1962), antes mesmo de concluir a graduação em arquitetura na FAU/USP (1968). Influenciado pelo clima político e cultural da época, utiliza símbolos da sociedade de consumo – sinais de trânsito, bandeiras, letreiros e quadrinhos – retirando-os de seu contexto e atribuindo-lhes novos sentidos. Obras como Usa e Abusa (1966) e Paz (1963) refletem essa fase inicial, marcada pela crítica social e política, com influência de artistas como Sérgio Ferro, Flávio Império e Maurício Nogueira Lima.

A partir de 1967, Tozzi incorpora elementos de histórias em quadrinhos, inspirando-se em Roy Lichtenstein, e produz trabalhos engajados, como Guevara, vivo ou morto (1967) e A Prisão (1968), exibidos em importantes exposições nacionais e internacionais, incluindo a 9ª Bienal de São Paulo. Em 1969, durante estudos na Europa, sua produção passa a valorizar mais a reflexão formal e a pesquisa de cores e formas, dando origem às séries Astronautas, Presilhas e Parafusos, em que explora possibilidades gráficas e metafóricas de um mesmo tema.

Nos anos 1970, realiza obras em grande escala para o espaço urbano, como o painel Zebra (1970) em São Paulo, e experimenta materiais orgânicos, pigmentos e objetos em caixas de acrílico, além de trabalhos conceituais que combinam pintura e palavras, como Dissociação das cores (1974) e Color (1975). A partir desse período, desenvolve a série Colcha de retalhos, caracterizada por padrões de cor variados e aplicação reticulada de tinta, integrando textura e volumetria às suas obras.

Nos anos 1980, amplia suas temáticas figurativas, com séries de papagaios e coqueirais, enquanto aproxima-se da geometrização das formas, explorando efeitos luminosos e cromáticos. Sua trajetória inclui participações em importantes exposições nacionais e internacionais, como a Bienal de Veneza (1976), a 21ª Bienal de São Paulo (1991), o MAM/RJ (1993), Brasil + 500 (2000), Nave dos Insensatos (2005) e The EY Exhibition: The World Goes Pop (2015), na Tate Modern, Londres.

Claudio Tozzi destaca-se como um pintor de seu tempo, cuja obra, embora esteticamente diversa, mantém o fio condutor da contemporaneidade e da reflexão sobre os acontecimentos que moldam cada período de sua criação.