Evandro Carlos Jardim
Evandro Carlos Frascá Poyares Jardim (São Paulo, SP, 1935) é gravador, desenhista, pintor e professor universitário, reconhecido por sua longa trajetória na produção gráfica, abrangendo desde a figuração realista até a incorporação de elementos geométricos e grafismos, além de uma dedicação marcante à docência de artes.
Iniciou seu trabalho artístico na década de 1950, frequentando espaços como o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e convivendo com importantes nomes do modernismo paulista, entre eles Sérgio Milliet (1898-1966). Em 1953, ingressou na Escola de Belas Artes de São Paulo, onde estudou pintura com Theodoro Braga, Antonio Paim Vieira e Joaquim da Rocha Ferreira, além de modelagem e escultura com Vicente Larocca.
Durante a faculdade, aproximou-se da gravura em metal, aprendendo técnicas como buril e ponta-seca com Francesc Domingo Segura. Nos primeiros trabalhos, suas gravuras se assemelhavam ao desenho, com atenção ao aperfeiçoamento técnico. Progressivamente, ampliou as áreas gravadas nas chapas, explorando água-tinta e água-forte, combinando figuras realistas com formas geométricas e grafismos gestuais, como exemplifica a série Interlagos (1964-1967), que mistura grandes formas negras com manchas representando a paisagem urbana.
Após experiência no ensino secundário, iniciou sua carreira no ensino superior em 1970, na Escola de Belas Artes, passando posteriormente pela FAAP e pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP). Em 1973, realizou a individual À Noite, no Quarto de Cima, o Cruzeiro do Sul… no MASP, apresentando gravuras e objetos tridimensionais em bronze, ferro, alumínio e madeira.
Sua produção gráfica concentra-se principalmente no cenário urbano de São Paulo, com imagens recorrentes — como o Pico do Jaraguá, pássaros, frutos, janelas ou um cavalo morto — que são reelaboradas em diferentes trabalhos, adquirindo novos significados. Durante o regime militar, Jardim promoveu leilões de obras para apoiar familiares de presos políticos e colaborou com o movimento pela anistia, incorporando em sua obra temas cotidianos e registros gráficos diversos.
A partir de 1976, passou a produzir estampas detalhistas, explorando natureza-morta, retrato e paisagem, ao mesmo tempo em que intensificou sua pintura, incentivado por seu marchand, Antônio Maluf (1926-2005). Na década de 1980, suas figuras ganharam maior independência: não ambientadas nem hierarquizadas, elas se justapõem no papel, compondo narrativas urbanas sutis. Em 1991, a série Figuras Jacentes, exibida na Galeria de Arte São Paulo, distribui imagens em um papel dividido em quadriláteros, sem ordem fixa, estabelecendo relações inesperadas entre os elementos.
O trabalho de Evandro Carlos Jardim é marcado por extensa produção em gravura em metal, pela exploração técnica rigorosa, pela atenção à paisagem urbana e pela significativa contribuição à docência artística em importantes instituições de São Paulo, consolidando-o como referência na gravura e nas artes visuais brasileiras.

