José Antonio da Silva

José Antônio da Silva (Sales Oliveira, SP, 1909 – São Paulo, SP, 1996)

Pintor, desenhista, escritor, escultor e repentista, José Antônio da Silva é reconhecido pela representação da vida rural do interior paulista, com ênfase em paisagens e cenas cotidianas do campo. Autodidata e de pouca formação escolar, trabalhou inicialmente como trabalhador rural e mudou-se em 1931 para São José do Rio Preto, onde participou da inauguração da Casa de Cultura em 1946, chamando a atenção de críticos e intelectuais como Lourival Gomes Machado, Paulo Mendes de Almeida e João Cruz Costa.

Suas primeiras obras, embora associadas à estética naïf, revelam também elementos de melancolia e nostalgia, com temas envoltos em soluções cromáticas escuras e compostas, como na tela Cavalo indomável (1949), em que o cavalo negro domina a cena, criando tensão dramática. Com o tempo, Silva desenvolve uma paleta mais viva e lírica, produzindo paisagens e cenas rurais mais amplas, como em Carro de boi (1965), Fazenda (1966) e Algodoal (1968), destacando-se pelo desenho expressivo e senso de cor.

A partir dos anos 1950, participou das três primeiras Bienais de São Paulo, recebendo destaque internacional, como o prêmio aquisição do MoMA em Nova York (1951). Experimentou o pontilhismo em obras como Espantalhos diante da paisagem (1956) e abordou temas variados, incluindo natureza-morta, pintura sacra, marinha, histórica e de gênero. Em 1966, fundou o Museu Municipal de Arte Contemporânea de São José do Rio Preto e gravou LPs com composições próprias, consolidando sua presença como artista multifacetado.

Nas décadas seguintes, Silva passou a enfatizar a distinção entre figura e plano de fundo e a explorar grandes planos de cores. Suas obras registram tanto a vida cotidiana quanto as transformações do interior paulista ao longo do século XX, evidenciando a marca da ação humana na paisagem. Em 1980, foi fundado o Museu de Arte Primitivista José Antônio da Silva (MAP), preservando seu legado e sua contribuição única para a arte naïf brasileira.