Julio Guerra

Júlio Guerra (Santo Amaro, São Paulo, 1912 – 2001) foi escultor, pintor, desenhista e gravador, formado pela Escola de Belas Artes de São Paulo em 1930, onde mais tarde também lecionou. Sua trajetória artística foi marcada por uma forte ligação com o bairro de Santo Amaro e com a cultura popular, refletindo em suas obras a religiosidade, os festejos, as tradições locais e os ícones da memória nacional.

Autor de monumentos emblemáticos, Guerra criou algumas das esculturas públicas mais conhecidas da cidade de São Paulo, como a estátua Borba Gato, em Santo Amaro, e a escultura Mãe Preta, no Largo do Paiçandu. Também realizou murais e painéis, entre os quais se destaca o mural do Teatro Paulo Eiró, consolidando-se como artista de relevância no espaço urbano paulistano.

Embora dialogasse com a estética modernista, Júlio Guerra manteve certa distância das vanguardas e do academicismo oficial, sendo por vezes descrito como um “modernista marginal”. Seu estilo buscava liberdade criativa, combinando simplicidade formal, força expressiva e um olhar voltado para o povo, aproximando sua obra tanto da arte erudita quanto da cultura popular.

Seu legado ultrapassa a produção escultórica e pictórica, situando-se também no campo da memória cultural. Guerra foi um artista que, ao retratar personagens, tipos populares e episódios da história, reforçou a identidade de sua comunidade e de São Paulo. Apesar das controvérsias que cercam parte de sua obra, como a estátua de Borba Gato, Júlio Guerra permanece como figura de destaque na arte brasileira, reconhecido por sua originalidade e pela força simbólica de sua produção.