Liúba Wolf
Liubov Anguelova Boyadjieva (Liuba Wolf)
(Sófia, Bulgária, 1923 – São Paulo, 2005)
Escultora, desenhista e designer de joias, Liuba Wolf deixou uma obra marcada pela tensão entre a figuração e a abstração. Sua trajetória internacional começou em 1943, quando sua família se mudou da Bulgária para Genebra, na Suíça. Ali ingressou na Escola de Belas-Artes e descobriu a escultura. No ano seguinte, transferiu-se para Zurique para estudar com a escultora Germaine Richier (1902-1959), com quem voltaria a trabalhar em Paris a partir de 1946.
Em 1947, viajou aos Estados Unidos e, no ano seguinte, sua família estabeleceu-se no Brasil. Em 1949, realizou sua primeira viagem a São Paulo, onde decidiu abrir um ateliê, mantendo simultaneamente outro em Paris, cidade onde residia. Naturalizou-se brasileira na década de 1950, período em que iniciou pesquisas formais com inspiração no mundo vegetal e animal, especialmente na série de pássaros, uma das mais representativas de sua carreira. Ainda nesse período, passou a experimentar materiais como pedra e madeira, embora o bronze permanecesse como sua principal escolha.
Sua produção escultórica revela afinidades com artistas como Edward Mataré, Marino Marini, John Flannagan e Alexander Archipenko. Criações como O Vôo (1963) mostram formas que evocam pássaros em movimento, mas que permanecem densas e ligadas ao chão, em diálogo constante entre peso e leveza. Outras obras, como os relevos Composição III (1970) em bronze e Composição V (1971) em poliéster, demonstram sua versatilidade.
Para o artista e curador Emanoel Araújo (1940-2022), suas esculturas carregam a tensão silenciosa dos totens, em uma fusão de elementos vegetais, animais e formas pré-históricas. O crítico Antonio Gonçalves Filho observa que seu trabalho não se limita ao aspecto formal, mas propõe uma justaposição de culturas de diferentes épocas, mesclando modernidade e arcaísmo. Essa abordagem traduz uma tentativa de aproximação ao universo arcaico, desconcertando a lógica racional e científica do homem moderno.

