Mário Silésio

Mário Silésio (Pará de Minas, Minas Gerais, 1913 – Belo Horizonte, 1990)

Pintor, desenhista, muralista e vitralista, Mário Silésio foi uma das figuras centrais da arte moderna em Minas Gerais. Formado em Direito pela Universidade de Minas Gerais (1930-1935), descobre sua verdadeira vocação artística ao ingressar na Escola Guignard, em Belo Horizonte, onde estudou entre 1943 e 1949 com Alberto da Veiga Guignard. Nesse período, toma contato com as obras de Cézanne e Matisse, mas sobretudo com o cubismo, que se tornaria um marco em sua trajetória rumo à abstração geométrica.

Em 1953, viaja a Paris como bolsista do governo francês, frequentando os cursos de André Lhote, referência no ensino da modernidade. De volta ao Brasil, dedica-se à integração da arte à arquitetura, realizando entre 1957 e 1960 uma série de painéis para edifícios públicos e privados em Belo Horizonte, como o Banco Mineiro de Produção, o Teatro Marília, a Escola de Direito da UFMG e o Detran, além de vitrais e murais em outras cidades, como no Clube dos Engenheiros em Araruama (RJ) e na Igreja dos Ferros (1964).

Sua produção dos anos 1950 alcança a pura abstração geométrica, como exemplifica a tela Construção nº 5 (1957). Silésio desenvolveu um vocabulário plástico em que as estruturas arquitetônicas organizavam a composição, mas sempre permeadas por lirismo e sensibilidade, evitando a frieza matemática. Segundo o crítico Márcio Sampaio, suas formas circulares irradiavam luz e emoção, dialogando de certo modo com preocupações que mais tarde se encontrariam nos neoconcretistas.

A partir da década de 1970, retoma parcialmente a figuração, criando naturezas-mortas e paisagens, ainda filtradas por uma estrutura geométrica, como em Paisagem (1986). Sua obra, marcada pela busca de síntese entre rigor construtivo e emoção plástica, permanece como uma das contribuições mais consistentes da modernidade mineira ao cenário artístico brasileiro.