Samson Flexor

Samson Flexor (Soroca, Bessarábia, Rússia, 1907 – São Paulo, São Paulo, 1971)

Pintor, desenhista, muralista e professor, Samson Flexor iniciou sua formação artística na Bélgica, em 1922, estudando pintura na Académie Royale des Beaux-Arts, e seguiu para Paris, onde cursou a Ecole Nationale Supérieure des Beaux-Arts e história da arte na Sorbonne. Frequentou também as academias La Grande Chaumière e Ranson, recebendo orientação de Roger Bissière. Sua primeira exposição individual ocorreu em 1927, e em 1929 participou da fundação do Salon des Surindépendants, atuando como diretor até 1938. Convertido ao catolicismo em 1933, passou a realizar pinturas murais de temática religiosa. Durante a Segunda Guerra Mundial, integrou a Resistência Francesa e foi obrigado a deixar Paris, período em que sua obra adquiriu tonalidades sombrias e explorou a Paixão de Cristo com influências expressionistas e cubistas.

Após visitar o Brasil em 1946 e expor na Galeria Prestes Maia, Flexor decidiu fixar-se em São Paulo em 1948. Incentivado pelo crítico Léon Dégand, aproximou-se do abstracionismo geométrico, fundando em 1951 o Atelier-Abstração, onde orientou artistas como Wega Nery, Jacques Douchez, Alberto Teixeira e Norberto Nicola. Sua produção transitou da figuração neocubista à abstração geométrica pura, com composição de planos e linhas diagonais, verticais e horizontais, explorando ritmo, cor e harmonia de modo mais musical do que matemático, seguindo métodos renascentistas de proporção, ensinados a seus alunos.

No final dos anos 1950 e durante a década de 1960, Flexor evoluiu para a abstração lírica, com formas orgânicas e uma abordagem que integrava figuração e abstração. Obras como a série Bípedes (1967), apresentadas na 9ª Bienal Internacional de São Paulo, exemplificam essa convivência entre gestos não-figurativos e elementos ilusionistas, refletindo seu compromisso contínuo com a tradição pictórica, mesmo em contextos de pura abstração. Sua pintura revela a tensão entre liberdade criativa e rigor técnico, incorporando a experiência europeia e o ambiente artístico brasileiro do pós-guerra.

Flexor é considerado um dos introdutores do abstracionismo no Brasil, influenciando significativamente a aceitação das correntes não-figurativas e a formação de gerações de artistas brasileiros. Sua trajetória combina maturidade acadêmica, experimentação formal e sensibilidade estética, estabelecendo um legado que conecta a herança da Escola de Paris à modernidade brasileira, e consolidando-o como referência fundamental na arte contemporânea do país.