Wega Nery

Wega Nery Gomes Pinto (Corumbá, MT, 1912 – Guarujá, SP, 2007)

Pintora, desenhista, poeta e professora, Wega Nery começou sua trajetória artística nos anos 1930, publicando poemas na revista O Malho sob o pseudônimo "Vera Nunes". Entre 1946 e 1949, estudou desenho e pintura na Escola de Belas Artes de São Paulo e, na década de 1950, aprimorou sua formação com Joaquim da Rocha Ferreira e Yoshiya Takaoka, participando do Grupo Guanabara (1950-1959). Em 1953, ingressou no Atelier-Abstração de Samson Flexor, produzindo suas primeiras pinturas abstratas de caráter geométrico.

Wega Nery participou de várias edições da Bienal Internacional de São Paulo, recebendo em 1957 o prêmio de melhor desenhista nacional e salas especiais em 1963, 1973 e 1989. Lecionou desenho e pintura na Sociedade Cívica Feminina de Santos, e a partir da década de 1960 passou a desenvolver suas famosas "paisagens imaginárias", tema que explorou até o final da década de 1980. Sua obra também esteve presente em diversos Panorama da Arte Atual Brasileira no MAM/SP.

A crítica de arte identifica na produção de Wega Nery uma expressão gestual e lírica, em que pinceladas vigorosas se entrecruzam para criar composições dinâmicas, muitas vezes sugerindo elementos do mundo natural ou construções, como rios, mar, casas ou barcos. Pinturas como Paisagem Lunar (1963), Campo de Papoulas (1963) e Paisagem Verde evidenciam essa relação entre gestualidade e projeto prévio, característica marcante de sua produção abstrata.

A partir do final dos anos 1960, os títulos de suas obras passaram a sugerir o fantástico, consolidando o conceito de "Paisagens Imaginárias". Seu trabalho é reconhecido dentro do debate da abstração brasileira como expressão gestual ou abstrato-lírica, onde a liberdade do gesto convive com a presença de um planejamento compositivo, equilibrando espontaneidade e controle estético. Retrospectivas importantes da artista foram realizadas na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1993, e no Centro Cultural São Paulo, em 1994.